terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Para começar.

Não sabia ao certo o porquê, mas a necessidade de cuspir sentimentos era tamanha. Em todo lugar uma nova palavra; uma ideia. Decidiu culpar sua boa vontade: passara tanto tempo ajudando o você que o eu ficara para trás.
E agora era assim, uma explosão.
Se sentia um vulcão que, desempregado há tantos, resolvera repentinamente jogar tudo para fora. Queimando. Todo o fervor mantido à pressão interna estava, agora, devastando o desconhecido. Estava fugindo de si, correndo para se transformar em palavras coladas no papel, na tela, no vento. Quando um sentimento se tornava abc, tudo parecia ser mais fácil.
E era.
Seus sentimentos eram bombeados boca à fora, deixando seu interior se pintar de branco.
Paz.
Finalmente, seu coração e cérebro fizeram uma parceria.
Finalmente, ali estava o seu lugar.

Ticiana Kilpp

2 comentários:

  1. Não sei se porque me sinto exatamente como o texto mostra, ou se é apenas o seu admirável dom com as palavras, mas perfeição é pouco para descrever o que eu leio. Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. É como eu sempre digo: Mais vale vomitar as palavras cobertas de sangue que permitir uma hemorragia interna. Há momentos em que somos simplesmente impulsionados a por coisas pra fora. Inspiração? Dom e predestinação? Fuga? Desabafo.
    Desabafo ou simplesmente a necessidade de dizer em palavras o que as mesmas palavras não expressam.
    Concordo com você: No abc, tudo é mais fácil. Palavras não contestam e letras não se rebelam contra o enunciador. Não existe relação de fidelidade maior que a do escritor e sua obra. Juntos, um extensão do outro, tornam real o significado de "plenitude".
    Você, como sempre, me enchendo de orgulho e fazendo-me tomar como minhas as suas palavras. Muito sucesso no blog (vindo de você, acho que isso é bem óbvio). Só não pense em me abandonar, Tici! Afinal, ainda preciso da minha editora! Haha
    Te amo!
    Isabela Dantas
    www.impulsoimpensado.blogspot.com

    ResponderExcluir