terça-feira, 8 de maio de 2012

Para Hannah...

"Recordar, do latim "Recordis" - voltar a passar pelo coração..."


Vô...
"E com seus acordes eu corro pra te acompanhar.
Conversamos com os dedos, e você repete pra mim uma música que não esqueço nunca.
E tudo começa com a sua risada, e termina na minha memória.
E no meu desajeitado acompanhar, vou atrás da sua arte, nossos dedilhados são nossas palavras. Nossos violões conversam por nós;

E acho que você nem sabe. Mas você disse, e ainda diz muito; E fica;

E um dia, eu ainda vou te imitar, pra contar e cantar teu violão Vô.
Pra contar pros meus netos, como a gente deu de conversar mesmo depois que você já tinha ido.


Que saudade."

.

Apegar-se...
"Nos apegamos, uns aos outros, e nos apegamos pra depois desapegar.
É estar junto, pr'aprender a deixar a ir.
Viver um tempo junto e depois... não.
E a gente de um jeito ou de outro, acaba sentindo falta... perdemos uns pedaços...

Passam, mas também a fazer parte de nós.
E assim nos recompletamos

e indo acabaram ficando. 
E nos fazemos, em mãos dadas que se dão e que se separam.

Nos sorrisos e abraços que não sendo, são.
Díficil dialética da vida...
Aprender desaprendendo,

Vivendo a morrer.... "


.


Pra você...


Um Abraço atemporal,

Thiago



segunda-feira, 7 de maio de 2012

O TEMPO PAROU

Parece que o tempo parou. O coração passa a doer. A mente congela o presente e começa a passar filmes que antes tinham teias pelo desuso. Agora não... Ele está novo e é usado rotineiramente. E aquele mesmo filme que não causava reação faz com que um oceano escorra defeituosamente. Agora tudo é defeito... Defeito do mar, defeito da mente, defeito do coração, defeito da vida. É uma crueldade, talvez se possa pensar assim, é uma crueldade ter que lidar com o inexistênte. Uma crueldade ter que se tornar capaz de lidar com a dor e a perda. É uma crueldade ter que sentir um vazio imenso. É uma crueldade ter uma rotina em meio de mares. A mente congela e depois retrocede. Parece então que tudo está contra os seus sentimentos. Parece também que o mundo resolveu girar de uma forma em que você sempre vai andar num outro sentido. O coração não para de doer. A sua dor parece tomar dimensões continentais. Você não pode mais ter. Você não pode ter. Você não mais vai ter. Os filmes continuam. Por mais que você tenha os visto por dezenas de vezes, eles parecem prolongar cada vez mais e sempre trazerem cenas inéditas, mal revisadas e difíceis. Difíceis talvez pelo seu teor de delicadeza e de dor. Dor que só tende a aumentar e aumenta tanto que você já não entende mais nada. E o nada é tanto... E agora tudo que você queria é aquilo que você não pode. Triste. Desconfortavel. Doloroso. Você respira profundamente e se acalma. Já está com os olhos vermelhos, os braços cruzados e os lábios pressionados. Não, esse último não é conformidade. Você simplesmente aceita por que não existe uma segunda opção, uma outra alternativa, um outro caminho. Dai então, extremamente cansado você se deita na cama com os cabelos molhados em cima do travesseiro, coisa que normalmente você não faria. Você fecha os olhos bem devagar, delicadamente, pedindo por tudo que surgisse algum pensamento menos triste que lhe viesse a mente. As ondas do oceano vão se quebrando cada vez mais lentamente, a respiração vai ficando menos ofegante e o frio toma conta do seu corpo. Você dorme como num passe de mágica. Parece até uma brincadeira de mal gosto, a pouco seu coração queria parar e agora você já pega no sono com facilidade. Essa brincadeira era de fato de mal gosto. Você sonha com a sua perda, você sonha com os seus filmes, você sonha com aquilo que por muito tempo te fez sorrir. E inconscientemente você sorri. E com ainda um sorriso no rosto, mesmo que singelo, você leva sua mão no peito. O coração ainda dói. A mente congela. Você continua a assistir os mesmos filmes. Um novo oceano passa fazendo uma nova rota e parece que o tempo parou.

Hannah Azu (Abram)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dizeres...

(ou a Celebração da Sinestesia)


"Coração do Outro é terra de ninguem"

Palavras ditas produzem,
os mundos sobre os quais dizemos...

Dizem mais respeito a nós - dizentes,
do que àqueles sobre quem falamos...
Ouvimos pouco... Cheiramos menos ainda,
Ainda nos tocamos...

Saber ver é ouvir
e escutar com os olhos.
Não deixar a boca surda, solta.
Gritar bem alto com os ouvidos,
Cheirar com todas as peles,
Esbarrar, e nem saber bem onde, ou quando...


Sentir e só...
                                  
                           [Com o corpo inteiro]


.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Garota que Esperou

Ilustração: Joana Fraga/Satine Black
Baseado na série inglesa "Doctor Who"

(Clique para ampliar)

sábado, 17 de março de 2012

Para jantar com os monstros...

Selo uma carta para cada um deles, um convite formal, enviado para os quatro cantos.
O jantar seria dado em minha casa, com toda pompa que poderia reservar a estes ilustres convidados. Serviria a eles muito bem passados , ou mal passados, a depender do gosto de cada um.
O primeiro a chegar, seria uma criança de oito anos, cabelo cortado em cuia, chorosa, com olhos muito avermelhados, estaria usando uma camisa um pouco curta, para dentro de uma bermuda também não muito grande, deixando exposta as varias feridas na perna, feridas que eventualmente ele insistiria em coçar, em comer seus pedaços e beber de seu sangue, apesar de todas as iguarias à mesa, eu tremeria diante de sua presença.
Os segundos a chegar seriam meu pai e minha mãe, feridos, andariam mancos pela casa, observando e criticando cada móvel, lançando olhares para mim, brigariam antes da janta começar, apesar dos lugares separados que eu havia deixado para eles na mesa.
Os terceiros também viram juntos, meus irmãos, de mãos dadas, ririam para mim, com suas roupas manchadas com respingos de sangue, incautamente causados quando deixarei um pouco dos mal passados cairem no prato, apesar de todo cuidado e alegria de servi-los. Eles ririam do sangue, sentariam entre meu pai e minha mãe, seus olhos, seriam os meus olhos.
E em meio ao jantar, eu iniciaria um longo discurso, sobre o motivo pelo qual os havia reunido ali, jantaríamos todos os pedaços de nossos passados, pedaços de mim passados. E nunca havia me passado pela cabeça o quanto seria um jantar antropofágico.
Minha barba estaria toda vermelha, meu rosto lambuzado, minhas vestes sujas. Eu desabaria - desabo - a chorar diante deles, dos convidados, que se transformavam em cada pessoa que eu conheço, que se transformariam inclusive nas pessoas que ainda não conheci. E eu me levantaria assustado, em outra crise de ansiedade, vomitaria-me diante deles, maus pedaços de mim, e os olharia com olhos de culpa, meus dentes seriam serrilhados, minhas unhas longas demais. Todos eles se deformariam diante de minhas deformidades, se formariam.
De frente para mim mesmo...
Jantava a frente de um espelho, o prato, estava vazio, a muito , passado.
E meu convidado, ali refletido, me olharia com espanto, assim como eu...



.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cristas e Vales

Cristas e vales


G.S.



Quando cheguei ao topo, me esqueci

que a bonança antecede a tempestade

e a decadência atinge a majestade

que todo homem vivo projeta em si.



Mas nem por isso cessou a vontade

de poder dizer pela eternidade

que no topo me restabeleci

e que, dessa vez, na vida venci.



Mas também supunha o ingênuo zigoto

ser eterno o conforto e absoluta

verdade a vitória espermatozoide



Só não contava esse ser ignoto

com ter de encarar incessante luta

do parto à morte, na vida-senoide.

sábado, 3 de março de 2012

Esquecer...

Há no esquecimento uma sombra
Da Morte que me amedronta...

Essa Ausência que se desfaz de sentido,
Ausência que me desfaz inteiro.
Ausência que te esquece a cada dia.
medo definitivo do silêncio...

Assim, insisto em lembrar,

Por ter medo de morrer,
Por ter medo de calar...
[ mas já não vivemos não é?]




.


terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cartas Inacabadas

Ilustração: Joana Fraga/Satine Black
Baseado no texto "Cartas Inacabadas", por Thiago Oshiro

(Clique para ampliar)

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Grande Amor

(Hannah Abram)

Nunca deixarei de amar como te amei um dia
E a mesma água nunca é eternamente quente, ela esfria
Por melhor que eu seja, por mais que eu esqueça,
Tudo muda, nada é nada, nesse mundo tão mutante

Alegria é esquecer por um instante
Que o tempo corre
E o que me socorre é estar ao teu lado
O que faz todos meus sentimentos misturados
Crescerem do meu jeito, ao teu agrado

Que aquela simples palavra que eu mencionei um dia
sirva de lição a todos, e mostre o que meu coração podia
E nesta ocasião que me encontro
Jogo à mesa todos os pontos
Trago a vocês os benefícios do amor

E com a graça e com a dedicação que vos digo
Que mesmo com todos os defeitos que me traz
Eu te aceito, como nunca, e jamais
Irei deixar-te, abandonar-te, estarás sempre comigo
Eu prometo


Essa poesia foi feita como um presente de aniversário de casamento em 2009 para meus avós, hoje falecidos.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O Mundo pelos olhos de alguém que queria poder quebrar copos.

De vez em quando, eu me surpreendo com umas vontades estranhas. Tipo me jogar numa escada e descer rolando. Ou aquele desejo ~quase~ incontrolável que tenho de jogar copos de vidro no chão. Antes, eu não sabia de onde esse tipo de vontade vinha - cheguei até a cogitar minha própria insanidade, mas recentemente tive uma epifania - um momento de ideias iluminadas que deixou claro o meu ponto de vista sobre a Vida, o Universo e  Tudo Mais. Eu finalmente descobri um dos grandes motivos para estar insatisfeita com a Realidade.

Pra começar, a carência de efeitos visuais impactantes - veja bem, os gráficos da vida são ótimos, temos diversas paisagens e poucas coisas são tão belas quanto a luz do Sol sendo refletida no oceano numa colorida manhã de verão. No entanto, o cotidiano não explora a diversidade de cores e luzes disponíveis no Universo! É frustrante descer uma escada imaginando que vários cacos de vidro estão voando à sua volta, refletindo e refratando a luz, para depois abrir os olhos e ver só... PAREDES BRANCAS! Nada contra quem gosta do minimalismo e da sua moda all-white na pegada Apple - só que eu enjoei.

Onde estão as bolhas de sabão nos momentos felizes e/ou românticos? Cadê as flores desabrochando e as pétalas de rosas voando em volta das pessoas extremamente bonitas? Cadê os cabelos esvoaçantes dos comerciais de shampoo e as menininhas de vestidinhos floridos com fitas no cabelo e sentadas em balanços aproveitando uma brisa primaveril? Sangue jorrando em momentos tensos também é uma boa...

E não é só a falta de efeitos visuais que me incomoda. As trilhas sonoras inconvenientes desse mundo, nossa! Você está passando por um momento dramático da sua vida e seu vizinho está cantando Michel Teló no chuveiro. Você alcança algo que quer muito e não tem nenhuma música estimulante ao fundo que exale a sensação de *achievement unlocked*. Você acorda numa manhã de segunda e o mundo não transmite pra você as vibrações de *new quest ahead*.

O que nos resta então? A mim, só a minha imaginação - não sei você, mas pra mim drogas não são uma opção. Então eu me enterro dentro da minha própria cabeça, no meu mundinho de purpurina, e vivo a vida como se ela fosse essa Coca-Cola toda que eu queria que ela fosse (apesar de não gostar muito de Coca-Cola como muitos, ainda acho uma expressão idiomática divertida e válida).

E ninguém pode me culpar por gostar de glitter. Existe algo mais bonito que a luz sendo repetidamente refletida e refratada em pequenos pedaços cintilantes e coloridos de algo que te lembra fadas e unicórnios e açúcar? É, nada.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quando ele voltou pra casa...

Ele chegou em casa, fazia um bom tempo que eu não o via. O cabelo cortado e a barba feita foram as primeiras coisas nas quais reparei, parecia e parece mais magro também. Vestia roupas simples, uma camisa azul escura e uma calça de moletom preta, mais uma daquelas roupas que a gente compartilha e nem percebe. Não deu uma hora e ele começou com suas brincadeiras, ria da nossa cara quando perguntávamos se estava bem, e quando perguntávamos se precisava de algo fazia cara de dor, colocava a lingua pra fora e começava a falar embolado, como se estivesse tendo um troço. Escondeu as cicatrizes na perna e no peito pro dias, porque sabe o quanto eu tenho, como ele, problemas com cortes.
Poucos dias depois começou a responder que queria comer um X-Tudo com bacon dobrado, ou quem sabe uma pizza quatro queijos. Comeu doritos logo na primeira semana - pegou o pacote, olhou pra mim com um sorriso que parecia mais um menino, e comeu feliz da vida, o seu único doritos. Depois bicou refrigerante de mim, e do meu irmão menor também, sempre com a mesma cara safada.
A princípio, eu fiquei curioso... Não tive vontade nenhuma de repreende-lo, apesar de que veio na minha cabeça - "Porra, esse cara não se cuida!". Entretanto as brigas que meu irmão aprontava, não sei se ajudam. Acho que não. Todo mundo acha que "quase morrer", ensina muito a viver, que tudo muda depois de uma experiência dessas. Não, não muda tanto.

A vida não vale tanto. Não vale por si só. O preço de todas as proibições é alto demais somente para a continuidade da existência - não se pode pagar a vida, compensa-la, "viver melhor", apenas se vive e ponto, independente se "quase morremos" ou não...

Prefiro vê-lo sorrindo, demonstrando seus pontos de vistas, sua cores e mundos, à sua maneira, do que triste por ver que não o entendemos. Que o achamos um cabeça dura, que não presta atenção ao que dizemos e que não se cuida direito. Que somos incapazes de ouvir o senso de responsabilidade para com seus alunos, sua força de vontade de continuar em frente até o ano letivo acabar, mesmo depois do coração e do pulmão já estarem a muito reclamando.

"Japonês demais", eu provavelmente diria, ou disse.

É um cabeça dura mesmo e não ouve nem a nada. Mas passei a admirar muito o cuidado com que cultiva aquilo que tem a dizer, o que ele diria ao mundo, o que diz, o tempo todo. Por mais que consiga me compreender diferente, acho bonito o jeito como se expressa, bonito por si só, bonito por ser expressão dele, por ter a alma dele. É como se ele fosse uma música, e eu conseguisse ouvir, depois de muito tempo, um pouco de seus sons... O que ele diria ao mundo.

E a tranquilidade dele, a alegria dele, é mais importante do que sua saúde. Com isso ele se arranja, ele se cuida, mesmo que faça isso de uma maneira muito peculiar.

Não precisa de um conselho, precisa de um abraço.

E só...


.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Observares

GS


Maquiagem, lápis de olho, salto alto. Uma de vestido vermelho, um pouco cima do joelho; a outra, com uma mini-saia, combinando com a blusa clara. Assim vestidas, e juntas, as duas "migas" foram passear no shopping. Olharam algumas vitrines, cada uma comprou um frozen yogurt - com menos de 100 calorias, é claro, para não prejudicar todo o esforço da malhação semanal - e então ambas partiram para seu programa predileto no shopping: sentar num local da praça de alimentação, do qual podiam observar, como espectadoras privilegiadas, as mais diversas gentes passarem, e julgar se estas estavam bem-vestidas ou não...

- Essa aí tá bem brega, né, miga? - diz uma das moças

- É, e o vestido dela saiu de linha na última primavera... - replica a outra

- E esse rapaz aí? Muito "assinzinho"...

- Verdade. Tipo assim, falta estilo próprio. Uma camisa xadrez por cima da roupa e um sapatênis ficariam style.

E assim foram passando pessoas, pessoas e mais pessoas... Algumas, obviamente, prestaram atenção nas garotas: um bombadinho, uma moça vestida à moda evangélica, um alternativo de dread, uma jovem com um vestidinho do estilo indiano. Mas um senhor em especial chamou sobremaneira a atenção das moçoilas: ele usava um chapéu estranho, tomava uma xícara de alguma bebida e observava as pessoas, parando casualmente para fazer anotações num caderninho que apoiava na mesa em que estava sentado. Nos primeiros momentos, as jovens o julgaram como apenas mais uma das tantas figuras ridículas existentes no recinto; mas depois ele começou a voltar os olhos com bastante frequência para elas, esboçando um leve sorriso nos lábios umas duas ou três vezes, enquanto fazia mais anotações. Estava relativamente próximo delas, e bem poderia estar escutando-as; e isso as assustou. Teria ele ouvido algo sobre elas? Os nomes? Talvez uma referência sobre onde moravam! E se fosse um tarado? Estaria anotando algo a respeito delas?

Na dúvida, as moças saíram daquele shopping, que estava cada vez pior frequentado. De fato, não era mais um lugar para pessoas de família, como era o caso delas. A despeito do susto, todavia, elas saíram satisfeitas. Quantas pessoas tinham parado para admirá-las, reconhecendo assim sua beleza e elegância! Assim, saíram dali como rainhas.

Mas poderiam elas imaginar o que pensavam aqueles que prestaram atenção nelas? Jamais; mas pelo menos eu - narrador onisciente, acima de tudo e de todos - posso, e desejo, compartilhar com você, mísero leitor, tais informações.

Primeiramente, o bombado. Que, ao se sentir observado, olhou com vaidade para as garotas e pensou, empertigando-se: "as mina pira nos meus muques".

Depois, a crente, que olhou de cima a baixo os trajes mundanos daquelas garotas, desejando que Jesus tocasse o coração daquela gente.

O rapaz de dread apenas lamentou que duas garotas tão bonitas fossem tão burguesas, além de não conhecerem o mundo Verdadeiro - como ele conhecia, obviamente.

Já a moça com um vestido "indiano" reparou nas meninas que a olhavam como pretexto pra relembrar sua superioridade espiritual em relação à maioria das pessoas, que só se atentavam a questões materiais.

E o senhor que as observava? Bem, era um escritor, cujo programa predileto era observar as bobagens que as pessoas faziam no shopping. E a Ignorância daquelas garotas fez ele ganhar o dia, pois conseguira um assunto que daria um belo conto.

E assim, o escritor saiu dali como um rei, com a certeza de estar acima de todas aquelas pessoas que têm a mania de se acharem... superiores às demais...


~//~

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Saudade: "Onde está?"

Talvez eu quisesse não ter idade suficiente para compreender tal sentimento. Talvez eu quisesse não sofrer tanto. Talvez eu quisesse ser capaz de apagar todas as minhas lembranças, mas mesmo que de fato o fizesse, eu ainda seria capaz de sentir saudades...

A vida nos faz viver momentos cruéis e nos obrigam a nos desligar de pessoas que se nos perguntassem, nunca conseguiríamos abrir mão delas. Infelizmente não estamos aptos para da noite para o dia dizer adeus definitivamente. E ,talvez por esse motivo, não consigamos tal feito. Por mais que a vida nos leve a um ponto final, para os que ficam, o ponto final nunca é de fato um final. Digamos que ponhamos um ponto e virgula, ou até um ponto de continuação. A saudade é a explicação mais pertinente para essa tese baseada no meu achismo. Sentimos saudade por que ainda levamos aquele amor com a gente, é como se a pessoa tivesse, na forma mais leve de dizer, fechado os olhos e deixado um pouco dela com a gente e por mais que tentem nos fazer compreender que aquilo foi um final, não foi. Ainda somos capazes de carregá-las dentro dos nossos coraçoes.

Saudade é sentir uma necessidade absurda de dar um abraço sem poder, um dor forte e inexplicável no peito e saber que aquilo não tem patologia, é querer dar um simples telefonema para um número que não mais existe, é querer rir com alguém que não pode mais, é querer contar do seu dia, dos seus planos, sabendo que tristemente isso se tornou irreal. Saudade é querer saber do que não existe, é sentir cheiros, ouvir palavras e tudo isso trazer lembranças que fazem crescer um nó enorme na garganta, saudades é saber que o que se sente não é uma ilha cruel, mas um continente com dimensões que extrapolam o tamanho do globo e que consomem a alma por inteiro. Saudades é não se conformar dizendo que foi o final, mas olhar para os lados sem entender e se repetir inúmeras vezes "onde está?". Sentir saudades é ter raiva por saber que seu coração não teve capacidade de se despedir e se sentir pequeno por isso. E depois disso refletir e entender por que que não existiu alguém que pôde de fato definir com exatidão tão triste e urgente sentimento.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Efeito borboleta

Efeito borboleta

G.S.

Já pensou como seria o que hoje é

se o que foi não fosse?



Embora não exista "se" na(s) história(s),

infinitas possibilidades existem.

É bem verdade que algo jamais seria:

o que você desejou que tivesse sido,

pois nunca algo foi nem será como imaginamos.



Mas essa exceção não destrói a infinitude de veredas da vida,

pois até a tão "exata" Matemática comprova:

infinito menos um é ainda infinito.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Março Negro

Não deu nem um mês de suspensão do SOPA/PIPA, e já vem um tal de ACTA (espécie de SOPA, mas MUNDIAL) tirar minha paciência. Como aspirante a artista, esses tipos de projetos de lei, que dizem proteger os direitos autorais do artista, me revoltam profundamente. PRIMEIRO: a maior porcentagem dos ganhos vai para a empresa responsável pelo artista. SEGUNDO: censurando a internet, quem vai ter mais perdas será o próprio dito cujo, que terá menos divulgação rápida e gratuita, dependendo ainda mais das malditas companhias. Ou seja: eles ganham mais dinheiro, nós ficamos sem filmes (porque, cá entre nós, esses DVDs/CDs não tem preços justos) e os artistas ficam com menos visibilidade. Os cantores amadores não podem mais cantar Lady Gaga/Justin Biba/Beyoncé/etc. Os ilustradores não podem mais fazer fanarts/tributos aos personagens que eles gostam. EU não poderei mais fazer fanart. VOCÊ não poderá mais assistir filmes/séries se não as lançadas oficialmente aqui no Brasil, que custam 21891974981278937493 reais POR DVD. Como alguém que quer entrar no ramo do entreternimento (música, quadrinhos, desenhos, livros), me revolta que os velhinhos presidentes dessas empresas tenham essa mente tão fechada e tão cruel. Se você concorda pelo menos um pouquinho, ou se importa com nós, artistas/aspirantes a artistas/pessoas que gostam de se expressar, divulgue. Façamos que nem Gandhi (wadeshi - o boicote a todos os produtos importados, especialmente os produzidos na Inglaterra. Aliada a esta estratégia estava sua proposta de que todos os indianos deveriam vestir o khadi - vestimentas caseiras - ao invés de comprar os produtos têxteis britânicos, com o intuito de conseguir a independência da Índia), um protesto pacífico: Março Negro.

Ilustração: Satine Black/Joana (Visitem minha galeria! URL na ilustração)

sábado, 28 de janeiro de 2012

Meu ar é saudade...

"Na memória, sublimada das mais diferentes formas, existe algo que se parece à esperança."

"É existe, sempre existe.
Não há em mim Amar que não esperance.
Nem esperança que não esteja encantada por Amares...
Não há esperança que não deixe a porta aberta...
E não anseie por retorno.
Nesses meus Amares que presentificam ausências,

Não há ausência que não seja presente num suspiro de Saudade...

Não há nada que não seja uma forma disfarçada de suspiro.”


.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Sherlock

Eu não tenho muito o que fazer, isso é fato. Se eu tivesse, talvez não estivesse sentada na recepção de uma faculdade em que eu não estudo só pra observar o movimento das pessoas passando. Tá, não era só por isso. Enquanto eu memorizava a posição de cada uma das rachaduras do pirulito de coração na minha boca, também me concentrava no cara loiro encostado numa parede que eu podia ver através das portas de vidro da recepção.

Eu não sou escrava dos estereótipos de beleza: para que eu me sinta atraída por alguém, a pessoa não tem que parecer necessariamente com um ator qualquer de uma série qualquer que passe em um canal-fechado-de-gente-rica qualquer. Logo, o fato desse cara ser loiro, ter olhos claros e um corpo legal não era um fator determinante para a minha atração. Normalmente. Mas esse cara tinha algo de especial - talvez a cara de tímido, talvez o aparelho fixo nos dentes, ou então a pulseirinha de palha no pulso. Resumindo, pela primeira vez, me atraí por alguém só pela aparência (apesar da cor do cabelo não influenciar muito. Essa homogeneidade de gostos femininos - loiro = gato - nunca fez sentido pra mim, sempre tive o cabelo loiro e nunca me senti mais que uma menina sardenta e orelhuda por causa disso).

O cara loiro desconhecido - o chamarei por enquanto de Sherlock, para evitar repetições - estava esperando sua aula começar. Eu sabia disso porque nos últimos três dias ele subiu as escadas indicadas com uma placa "SALAS DE AULA" assim que o relógio marcou 15:55 - o que eu imagino que seja porque ele leve cerca de cinco minutos para se deslocar até a sala de aula e sentar-se antes que a aula comece. Em dois minutos, sua rotina provavelmente se repetiria. Eu parei de contar as rachaduras do pirulito - por enquanto, doze - e dediquei toda a minha atenção a Sherlock. Em dois minutos ele sairia dali e eu teria tempo pra me concentrar em coisas menos importantes.

Depois de dois minutos, eu direcionei minha atenção a algo que eu descobri não ser menos importante que Sherlock, mas que não necessariamente me trazia muitas alegrias. Numa das últimas folhas do meu caderno, rabisquei um diagrama para analisar a probabilidade de Sherlock estar tão atraído por mim quanto eu estou por ele. Bem. Ele pode ser gay. Ou pode ser hétero mas ter namorada. Ou pode ser hétero e não ser a fim de mim. Ou pode ser a fim de mim - altamente improvável. Ou, ainda, pode simplesmente nunca ter reparado em mim e portanto não ter uma opinião exata - o que, baseando-me em experiências anteriores, tem mais probabilidade de acontecer. Juntei minhas coisas, dei tchauzinho pra moça da recepção (que a essa altura já sacou o que eu vou fazer lá todas as tardes no mesmo horário) e saltitei para casa - porque andar é para os comuns.

Em casa, depois de dar Oi pra papai, tirar o sapato e lavar as mãos duas vezes, encontrei mais uma vez nas redes sociais a Decepção. Dessa vez, não foi nenhum protesto ridículo sobre o chat que parou de funcionar, nem tirinhas do xkcd.com traduzidas e postadas - descaradamente e sem crédito nenhum ao autor original - em perfis de humor. Foi pior. Foi o horror. O HORROR. Na minha página de "Sugestões de amigos", lá estava Sherlock - com seu nome verdadeiro. E uma foto dele, de regatinha, mostrando o "muque" e segurando uma latinha de cerveja.

Ignorei minha ânsia de vômito e tentei saber mais sobre essa criatura que de repente não me pareceu tão atraente. Vamos, Sarah, não julgue as pessoas só pelas aparências, era o que a minha mente me dizia, mas era um comando impossível de ser executado: o perfil dele não estava completamente visível para desconhecidos, me deixando apenas com a sua foto do perfil e as informações "Solteiro" e "Música: Chiclete Com Banana" para traçar um perfil psicológico. Isso não me agradava nem um pouco e eu seria forçada a fazer testes com Sherlock - usar esse nome ao invés do verdadeiro ainda me dava alguma esperança - para descobrir se ele ainda tinha salvação.

No dia seguinte, às 15:50, eu saí do meu lugar de costume, no sofá da recepção da faculdade, e fui até Sherlock. Ele me olhou de forma estranha (não sei se foi a minha camisa com a estampa de um gato morto-vivo ou se ele estava espantado porque estava secretamente apaixonado por mim e não esperava que eu fosse toda linda e glamourosamente andar até ele) e eu tirei da minha bolsa duas unidades do melhor determinante de personalidade já inventado.

"Quer um Nesquik de morango?", eu perguntei enquanto começava a beber o meu.

"Não, valeu, vai que algum conhecido me vê bebendo isso?"

Ele rejeitou o Nesquik. Ele deu um tapa na cara da sociedade dos bebedores de Nesquik e não merecia a minha atenção. A vergonha de segurar uma caixinha de Nesquik em público mostrava que ele era exatamente o tipo de pessoa que eu prefiro evitar: aquele que liga mais para as opiniões dos outros e para o que é mais socialmente aceito e que o caracteriza como "Machão Pegador".

Adeus, Sherlock.


sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Somos poesias

Crescer é inevitável e amadurecer dá medo. Uma série de fatores são necessários, indo muito além do que apenas responsabilidade. Alguns até confundem, acham que crescer é ficar velho, sério e sem graça. Querem e até espéram tornar-se totalmente razão. Não vão. talvez até fiquem velhos e fechados, achando que são unicamente objetivos. Não há pesquisas que me dêem respostas, nem um grande número de pessoas que me falem que é assim. Somos poesias, é meu simples achismo. O coração acaba tomando conta e sem nem perceber viramos por completo subjetividade. E por quê acho isso? Talvez você se pergunte, mas vou preferir dar exemplos, à talvez, me perder em minhas palavras sentimentais. Já olhou uma foto e lembrou de algum momento que quis voltar? Ou já olhou algum objeto e se perdeu alguns minutos em pensamentos?
Qualquer relação entre pessoas é subjetiva, e por isso, me acho no direito de chamar de poesia. Alguns são como João Cabral de Melo Neto, poesias objetivadas. Outros são como Clarice Lispector com sua prosa intimista. Talvez, na minha tese baseada no achismo, até uns tenham essa inquietude aflorada, mas não afirmo nada. Não afirmo porque não posso saber se tudo isso é universal. Queria poder garantir, mas só acho.
Somos poesia, pois acima de tudo, somos sentimentos, somos movidos à isso. A razão é complicada e trabalhosa, é algo que precisamos nos programar e nos obrigar à isso. Não no sentido literal da palavra, mas não é algo espontâneo como o ato de sentir, totalmente involuntário e sem explicação, você apenas sente, porque sente e é ponto final.
Mesmo sem nem achar, somos, sim, poesia. Somos inquietude, somos dúvidas, somos o não-entendimento. E por não entender a si mesmo, tentamos nos entender no outro, e encontrando ou não, sendo mais uma vez sentimento, temos a ilusão de que sabemos a resposta. E daí vem amor, desilusão, saudade, e muito mais amor. Mas no fundo, sempre sentimento, poesia, subjetividade.

Ps: Se você viu isso escrito pela Anna Paula Buaque, nos reencontramos de novo! Sou Hannah e a Anna Paula

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Sol e Lua

Escrito há algum tempo, em momentos de tristeza e reflexão...

~//~


Sol e lua

G.S.


Da máscara alegre atrás

a face da chaga jaz.

Escondo do mundo a dor

e o meu represo rancor.



Só que meus olhos me traem

e as lágrimas sempre caem.

A cera é então decomposta

e à mostra a desgraça é posta.


Mas a desgraça maior

é ver o Sol ao redor

que a todos brilhar parece

enquanto o meu ser perece.


Dizem que a mim vai brilhar

um dia o belo astro rei.

Mas via sombria sei

que minha alma há de trilhar.


Eis que diz alguém na rua:

e diferente podia

ser, quando foge do dia

e se esconde atrás... da Lua?

sábado, 14 de janeiro de 2012

Inquietude...

E quando você menos espera, parece que ela decidiu voltar. Senta-se na berada da cama como se fosse convidada e insinua-se... Em idéias, sentimentos, lugares...

Cada canto de sombra, no coração ou na casa, traz em algum momento distraído do dia a inquietude de sua presença. Já conhecida, como de alguém que vai embora e depois decide voltar, mas que nunca se encaixa, causa qualquer coisa de angustia, de incomodo...

Não sorri, nem chora, não tem raiva ou tristeza, é seca, silenciosa.
Essa presença que atraí medos profundos para a flor de nossa pele, e arrepios pelo corpo todo quando assim, sem querer, esbarra na gente.
Faz florescer pesadelos nos campos dos nossos sonhos,
Porque dela aprendemos a ter medo desde pequeninos...

Medo...
De seu pálido, permanente sorriso de lisos dentes brancos, como toda branca é sua pele, sua cadavérica aparência, sob seu escuro manto com sua velha foice...


Diante de sua presença, eu silencio e espero, espero muito...
“Vá embora!”

[Saia de perto do coração]


.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Sol.

A luz morna do sol poente aquecia a cidade de Tóquio. Não que isso fizesse alguma diferença para ela. A suave brisa do fim do dia, o silêncio dos momentos que antecediam a hora do rush e o início da vida noturna do grande formigueiro urbano, nada disso poderia confortar o seu coração.

Tudo o que ela sentia era uma calma e silenciosa dor. Sem histeria. Sem desespero. Ela simplesmente sentia o seu mundo se despedaçando enquanto ela observava o sol se pôr e constatava: 'dói'. O que doía? Seus olhos, de tanto chorar? Sua garganta, por engolir os soluços e forçá-la a sofrer em silêncio? Seu... seu... algo dentro de si que se quebrava em fissões infinitas e sequenciadas?

Ela mantinha a sua postura enquanto assistia à mudança de paisagens pela janela do trem. O que mais desejava era ter os braços dele à sua volta, enquanto se encolhia e dava vazão à dor. Ela sabia que isso era impossível, e por isso não se dava ao trabalho de envolver seus braços em torno de si mesma, fechar os olhos e imaginar que estava nos braços dele, como fazia nas noites em que ele a deixava sozinha. Ela não conseguia se iludir com isso, não sabendo que ele estava morto.

Há alguns meses, ela lembraria de sentir uma solidão parecida, quando estava sozinha em seu apartamento, escrevendo infinitamente num caderno sem se deixar afetar pelas lágrimas que insistiam em cair de seus olhos. Nessa época, ela engolia os soluços e se perguntava por que ele não estava lá com ela, por que ele não a confortava. No entanto, essas memórias foram apagadas, e tudo o que ela via no momento era um mundo vazio e silencioso, um mundo sem ele.

Se ao menos eles tivessem tido um filho! Ela teria forças para continuar, sabendo que um pedacinho dele, um pedacinho dos dois, permanecia nesse mundo. Talvez tivesse os olhos do pai, ou então o mesmo sorriso. Talvez, quando crescesse, tivesse a mesma postura séria quando estava sendo observado, mas deixasse os ombros caírem de cansaço ao se ver sozinho... ou exalasse toda aquela aura austera que ele tinha, e que a fazia gravitar em torno dele, esperando poder ajudar e, mesmo que fosse por um segundo, aliviar o peso sobre as costas dele, ajudar a carregar seus fardos.

Ele se fora, sem deixar nada para trás que a trouxesse conforto. Deixara sim o apartamento em seu nome e uma herança generosa, mas nada disso aplacava a falta que sentia dele.

Ela seguiu viagem. Prometera, quando jurou seu amor a ele, que o seguiria por onde fosse, sem questionar. Sabia que, caso se perdesse em seu caminho, ele a conduziria e a faria encontrar a luz novamente. Mas ele não estava mais lá para conduzi-la. O único caminho que restava a ser seguido era o pulo para a sua última chance de paz.

Na beira do terraço de um dos arranha-céus de Tóquio, ela fechou os olhos. O peso da sua aliança, pendurada numa corrente em seu pescoço, pareceu conduzi-la para o fim. O seu último pensamento foi um calmo 'será que vai doer?'. Mas o seu coração se tranquilizou. Nada poderia ser mais doloroso que continuar vivendo sem ele. Ela esperava encontrá-lo, e os olhos dele acenderiam a luz que faltava no mundo que ela estava deixando. Era ele quem ela esperava encontrar. Luz. Ele foi o Sol dela, mas a noite infinita chegou.





**
Baseado no último episódio do anime Death Note, quem viu vai entender o porquê.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Resenha: ZODÍACO


Sempre fico com um pé atrás quando leio livros baseados em histórias reais. Diferente da ficção, temos consciência de que as situações aconteceram com pessoas como nós, e isso me assusta um pouco. Ok, bastante. Principalmente quando o livro é sobre...serial killers.
O livro ZODÍACO, escrito por Robert Graysmith, traz a história de um dos serial killers mais misteriosos do mundo. Não sabemos seu nome nem sua aparência, mas esse monstro, conhecido como o Assassino Zodíaco, matou 7 pessoas (confirmadas, pois Zodíaco, em uma de suas cartas, afirmou ter matado mais de 30), e deixou a região da Califórnia em pânico, durante as décadas de 60 e 70. O próprio autor do livro, Graysmith, era um cartunista do jornal de San Francisco da época, e acompanhou de perto toda a trajetória desse notório assassino.
O livro conta com depoimentos de policiais, cópias das cartas mandadas por Zodíaco aos jornais (cartas criptografadas, sendo que muitas nunca foram decifradas com sucesso) e algumas impressões do próprio autor. É agonizante ver as maiores forças policiais dos Estados Unidos trabalhando juntas, mas não chegando a lugar algum. Talvez pela falta de tecnologia da época, e pela grande astúcia do assassino, Zodíaco nunca foi encontrado.
ZODÍACO é uma obra intrigante, e definitivamente te dá um enorme tapa na cara, afinal, é a prova de que a justiça nem sempre leva a melhor.

ZODÍACO é um livro lançado pela editora Nova Conceito, escrito por Robert Graysmith.
Ilustração: Joana Fraga (satine-black.deviantart.com)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Resenha: Um Dia





"Um Dia" foi um livro que me surpreendeu. Tudo no livro te faz pensar que seria uma história super clichê, com cenas românticas, enjoadas e draminhas adolescentes. Não é. Um dia é um livro gostoso de ler e bastante reflexivo, que traz questões jovens e adultas sobre a vida.
As personagens Emma e Dexter são também um pouco de cada um de nós com suas dúvidas e angústias. Eles se conhecem no dia 15 de julho de 1988, dia de São Swithin e formatura dos dois e, todo o ano nessa mesma data, eles passam a se encontrar e trazem um pouco do que estão vivendo. Ainda no início do livro, eles fazem uso de frases comumente usadas pelos jovens como "Ainda tenho x anos" e, ao desenrolar da história, a idade deles se torna motivo de desespero. É como na vida: assistindo amigos deslancharem em suas carreiras e construirem suas vidas enquanto as deles vão ficando estagnadas ou de um jeito que não mais trazem felicidade como antes, em 1988.
Emma queria mudar o mundo quando jovem. Dexter queria aproveitar a vida e conhecer outros lugares. E, tristemente, a vida faz com que eles mudem suas visões e se contentem com outras caminhadas.
"Um Dia" traz dramas adultos e questionamentos pertinentes com o que vivemos hoje. Nos perguntamos: Somos a geração que nada faz? E, por causa dessas reflexões, ele deixa de ser um livro de uma sentada só. É um livro para ler e pensar. Com cenas surpreendentes e chocantes, "Um Dia" com certeza se tornou um dos meus favoritos. O desfecho ficou muito bom, realmente para o leitor fechar o livro e ficar mais uns bons minutos pensando: "O que eu quero de verdade? E agora, José?". E a capa está lindíssima (tudo bem que a anterior também estava).

Nota: 8.5


Um dia é um livro lançado pela editora Intríseca e escrito pelo David Nicholls